O esquema de uma facção envolvendo “raspadinhas”, comercializadas em mais de 20 cidades de Mato Grosso, era divulgado por influenciadores digitais. A operação da Polícia Civil, denominada “Raspadinha do Crime”, constatou que mais de 80% dos lucros financiavam atividades do grupo criminoso.
A informação foi revelada no último sábado (18/10) pelos investigadores, após diligências na última terça-feira (14). Cada raspadinha era comercializada por R$ 5, com promessas de premiação de até R$ 50 mil.
Apesar dos valores prometidos, não foi identificado, no material apreendido durante as operações da Polícia Civil, nenhum prêmio superior a R$ 100.
Os integrantes do grupo eram chamados de “irmãos da facção”, os responsáveis por coordenarem núcleos nas cidades onde eram vendidas as raspadinhas. Segundo a polícia, parte dos envolvidos atuava como influenciadores digitais e pequenos empreendedores. Com isso, os jogos de azar eram propagados em redes sociais para mascarar as ilicitudes.
Divisão dos lucros e intimidações
A divisão dos lucros seguia a seguinte proporção:
- 10% ficavam com o distribuidor local (irmão da quebrada);
- 10% eram repassados ao comerciante revendedor; e os
- 80% restantes eram encaminhados ao núcleo financeiro da facção, pelos “irmãos” que realizavam a transferência para a conta “laranja” indicada após o fechamento mensal.
Também era função dos “irmãos” intimidar os comerciantes ou até mesmo acionar a “disciplina” da facção, sempre que houvesse descumprimento das normas ou ameaças à regularidade do “projeto”.
Essa estrutura permitia, conforme expôs a investigação, que os núcleos regionais e locais constituíssem a base territorial do esquema, assegurando capilaridade, lucratividade e manutenção da ordem imposta pela facção.
Raspadinha prometia até R$ 50 mil
A primeira publicação oficial da “Raspa Brasil” ocorreu em 23 de março de 2025, por meio do perfil no Instagram criado especificamente para divulgação do projeto. Inclusive, entre os influenciadores, havia menores de idade.
Comerciantes e donos de bares e distribuidoras também atuavam na divulgação e expansão do produto no Mato Grosso.