O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta quarta-feira (23/10) que era muito cedo para expressar uma opinião firme da França sobre o planejado acordo comercial entre a União Europeia e o Mercado Comum do Sul (Mercosul), mas que as medidas estavam sendo tomadas “na direção certa”.
A França, que tem sido um oponente veemente do acordo, foi encorajada por uma cláusula de salvaguarda proposta e por um melhor controle sobre os produtos alimentícios que entram na União Europeia, mas ainda aguarda a finalização do trabalho.
“Hoje, o governo francês, assim como os outros, está aguardando as respostas. Mas tudo isso está indo na direção certa para proteger os setores mais expostos e também para proteger os consumidores europeus”, afirmou Macron em coletiva após uma cúpula da UE em Bruxelas.
Qual o status do acordo entre União Europeia e Mercosul?
O comentário do presidente francês ocorre em meio a um novo capítulo nas longas negociações entre União Europeia e Mercosul. Em dezembro de 2024, a Comissão Europeia e os países do bloco sul-americano anunciaram a conclusão política das negociações do acordo, após cerca de 25 anos de tratativas.
A medida foi celebrada por governos e setores empresariais dos dois lados, mas encontrou forte resistência dentro da própria União Europeia, especialmente na França, onde agricultores e ambientalistas expressaram preocupação com o impacto sobre o setor agropecuário e sobre os padrões de sustentabilidade exigidos pelo Pacto Verde Europeu.
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Em fevereiro de 2025, Macron reiterou que a França tentaria bloquear o acordo em sua forma atual, citando preocupações com pesticidas, rastreabilidade e compromissos climáticos. Ainda assim, a Comissão Europeia avançou institucionalmente: em setembro de 2025, encaminhou ao Conselho as propostas de decisão para assinatura e conclusão do Acordo de Parceria UE–Mercosul (EMPA) e de um Acordo Comercial Interino que entraria em vigor até a ratificação definitiva.
Apesar desses avanços, o Parlamento Europeu manteve uma postura cautelosa. Em outubro de 2025, o deputados da UE rejeitaram incluir um parágrafo de apoio ao acordo em uma resolução ampla, sinalizando que a resistência política ainda é significativa.
Assim, embora o processo técnico e diplomático tenha avançado, com a conclusão política e os preparativos para a assinatura formal, o futuro do acordo segue incerto.
Por Renan Honorato, com informações da Reuters
