O governo federal reagiu nesta terça-feira (28/10) às declarações do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), que acusou a União de negar apoio no combate ao crime organizado.
Durante reunião realizada na Casa Civil da Presidência da República, ministros e autoridades federais afirmaram que não houve qualquer pedido de ajuda por parte do governo estadual antes da megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio.
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A reunião foi coordenada pelo presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, e teve como objetivo monitorar os desdobramentos da operação. Participaram do encontro os ministros Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann, Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), Macaé Evaristo (Igualdade Racial), Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação) e o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Manoel Carlos.
De acordo com informações divulgadas após a reunião, as forças policiais e militares federais reiteraram que não foram consultadas ou acionadas pelo governo do Rio de Janeiro antes do início da operação, batizada de Operação Contenção.
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O ministro Rui Costa entrou em contato com o governador Cláudio Castro e ofereceu vagas em presídios federais para a transferência de presos capturados na ação. Ele também propôs uma reunião emergencial nesta quarta-feira (29), no Rio, com participação dele e do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para discutir medidas conjuntas de segurança pública.
Lewandowski nega omissão e rebate declarações de Castro
Mais cedo, em coletiva de imprensa, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, rebateu as declarações de Cláudio Castro, que havia dito que o “Rio está sozinho” no enfrentamento ao crime organizado.
“O Governo Federal tem atuado intensamente, com investimentos em segurança pública, fornecimento de armas e equipamentos, além da área prisional, onde temos investido muito. Recentemente, o governador Cláudio Castro pediu a transferência de líderes de facções criminosas para presídios federais de segurança máxima — e foi atendido. Nenhum pedido foi negado”, afirmou Lewandowski.
O ministro destacou ainda que a segurança pública é uma responsabilidade primária dos estados, mas defendeu maior coordenação entre as forças federais e estaduais.
“Propusemos ao Congresso a PEC da Segurança Pública, que busca coordenar as forças federais, estaduais e municipais. O crime organizado não é mais um fenômeno local — é nacional e até global”, afirmou.
Cláudio Castro afirma que estado “está sozinho”
Em entrevista coletiva pela manhã, o governador Cláudio Castro afirmou que o Rio de Janeiro enfrenta o crime organizado sem apoio do governo federal.
“O Rio está completamente sozinho nessa luta hoje. É fácil criticar quando o estado excede sua competência. Se tiver que exceder, excederemos mais ainda para proteger a nossa população”, declarou.
Segundo Castro, o estado não contou com blindados nem com agentes federais durante a megaoperação.
“Infelizmente, como ao longo deste mandato inteiro, não temos o auxílio de blindados nem de agentes das forças federais de segurança e da Defesa”, disse o governador.
Megaoperação deixa mais de 60 mortos
A Operação Contenção, realizada nesta terça-feira, mobilizou 2.500 policiais civis e militares em 26 comunidades dos complexos da Penha e do Alemão, com o objetivo de conter o avanço do Comando Vermelho na região.
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Segundo balanço parcial, 64 pessoas morreram, entre elas dois policiais civis e dois policiais militares. De acordo com o Instituto Fogo Cruzado, o estado do Rio já registra 798 tiroteios em operações policiais em 2025, com 309 mortos e 396 feridos.
Lewandowski evitou comentar os detalhes da operação, mas manifestou solidariedade às vítimas.
“O combate à criminalidade deve ser feito com planejamento, inteligência e coordenação. Quero expressar minha solidariedade às famílias dos policiais mortos e dos inocentes que também perderam a vida”, disse o ministro.
