A presença de facções e milícias já faz parte da rotina de 4,9 milhões de pessoas que vivem na capital e na região metropolitana do Rio de Janeiro, segundo pesquisa Datafolha realizada entre quarta (29/10) e sexta (31/10), logo após a operação policial mais letal da história do país, que deixou 121 mortos.
Armas à vista e medo constante
O levantamento mostra que 4 milhões de moradores afirmaram ter visto pessoas armadas com fuzis em seus bairros nos últimos 12 meses. Entre os entrevistados, 68% dos moradores de favelas disseram conviver com o crime organizado na própria comunidade — número que cai para 38% entre quem vive em outras áreas da cidade.

A pesquisa também indica que 46% dos entrevistados têm mais medo de traficantes e facções do que da polícia (6%) ou das milícias (18%). Em 2019, essa percepção era de 34% em relação ao tráfico, mostrando um avanço do temor em meio à escalada da violência.
Zona Oeste concentra maior presença do crime
Quase metade dos entrevistados na capital (48%) afirmou viver em áreas dominadas pelo crime. A zona oeste lidera com 58%, seguida pela zona norte (48%), centro (46%) e zona sul (24%).
Além disso, 14% dos moradores relataram pagar taxas de “serviços” a grupos armados, e 18% vivem em bairros com vigilância feita por policiais de folga.
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Crime interfere diretamente na vida da população
Cerca de 66% dos entrevistados concordaram que o crime organizado interfere diretamente na vida cotidiana, e 62% afirmaram considerar traficantes como terroristas.
Entre os que vivem em favelas, o medo do tráfico (39%) supera o da polícia (14%). Já nas demais regiões, o receio dos criminosos é ainda maior: 50% dizem temer traficantes, contra apenas 3% que têm mais medo da polícia.
Êxodo urbano e sensação de impasse
A pesquisa também mostra que 59% dos moradores deixariam o Rio se tivessem oportunidade — o equivalente a 6,2 milhões de pessoas. A vontade de ir embora é mais forte entre os que moram em favelas (65%), na zona oeste (68%) e entre os que aprovaram o governo Cláudio Castro (66%) ou votaram em Jair Bolsonaro (69%).

Os dados reforçam o retrato de uma metrópole sitiada, onde a violência armada e o domínio territorial do crime organizado seguem moldando o cotidiano e os sonhos de milhões de pessoas.
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Com informações da Folha de São Paulo
