O mercado financeiro espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central mantenha a taxa básica de juros, a Selic, em 15% na reunião desta semana. O comunicado deve repetir o tom das últimas decisões, sem grandes novidades. As projeções apontam que os cortes nos juros devem começar apenas no primeiro semestre de 2026.
O Banco Central vem atuando nos últimos meses para reforçar a credibilidade da política monetária e controlar a inflação. O movimento tem surtido efeito, com o índice de preços se aproximando do teto da meta estabelecida.
O teto da meta de inflação é de 4,5%, e as estimativas para o fechamento de 2025 variam entre 4,56% e 4,6%. O centro da meta, fixado em 3%, ainda está distante. A expectativa é que essa convergência ocorra, ou ao menos se aproxime, em 2027.
Com a Selic mantida em nível elevado, o crédito ao consumidor deve continuar caro. Ainda assim, há sinais de melhora na chamada “curva de juros”, que reflete as expectativas do mercado para as taxas futuras. Os juros de mercado atuais estão mais baixos do que os observados em dezembro de 2024, mesmo com a Selic em 15%.
O recuo é pequeno, mas representa um alívio relativo num cenário em que o custo do crédito permanece alto. Operações como cheque especial, financiamento de veículos e crédito imobiliário seguem com taxas elevadas, mas há leve redução no custo médio do dinheiro no mercado.
Mesmo com juros altos e um juro real próximo de 10%, a economia brasileira mantém ritmo de crescimento, um comportamento incomum em períodos de aperto monetário. O desemprego caiu para 5,6%, uma das menores taxas da série histórica.
Por outro lado, alguns setores já demonstram sinais de desaceleração. A indústria é um dos exemplos: o resultado da produção industrial de setembro mostrou queda em relação a agosto. Em contraste, agropecuária e serviços continuam com desempenho mais aquecido.
O primeiro corte na taxa básica é esperado para o primeiro semestre de 2026, caso o cenário atual se mantenha. O dólar vem perdendo força e o real tem se valorizado, o que contribui para reduzir as pressões sobre os preços.
Apesar da percepção de que “tudo continua caro”, o ritmo de aumento dos preços está menor. Inflação se refere à taxa de crescimento dos preços, e não ao nível em que eles se encontram. Quando o índice sobe 5%, os preços ainda aumentam, mas de forma mais lenta do que em uma inflação de 10%.
Para que os preços caiam de fato, seria necessária uma deflação, o que normalmente vem acompanhado de recessão. Por isso, a redução no ritmo de alta já é considerada um sinal positivo, ainda que o custo de vida permaneça elevado.
