A antecipação da Cúpula dos Líderes para dias antes do início oficial da COP30 — marcada para a segunda-feira (10/11) — aumentou a expectativa em torno da principal proposta ambiental do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante a Cúpula do Clima, em Belém (PA), as assinaturas de 53 países na Declaração de Lançamento do TFFF não foram suficientes para preencher as lacunas deixadas por grandes potências como China e Estados Unidos, que não participaram da rodada inicial de investimentos.
Com a expectativa inicial de arrecadar US$ 25 bilhões, o almoço de lançamento oferecido por Lula arrecadou pouco mais de US$ 5,5 bilhões. Ao longo dos meses que antecederam a conferência, as projeções foram sendo revisadas para baixo.
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Em entrevista à Bloomberg, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil pode arrecadar US$ 10 bilhões até 2026, valor que seria alavancado para criar um fundo de US$ 125 bilhões.
Noruega lidera os aportes
Até o momento, menos de dez países anunciaram publicamente seus compromissos financeiros com o Fundo Florestas Tropicais para Sempre. Como é tradição na política ambiental norueguesa — que reinveste receitas do petróleo em projetos socioambientais —, a Noruega pretende destinar US$ 3 bilhões ao longo de dez anos.
Em entrevista ao podcast A Hora, o embaixador e presidente da COP30, André Corrêa do Lago, destacou que a Noruega é “um exemplo a se seguir” e uma alternativa às críticas feitas por ambientalistas ao início dos estudos para exploração de petróleo na Foz do Amazonas.
Diferentemente de outros doadores, a Noruega impôs condições específicas: o país exige que pelo menos US$ 9,8 bilhões sejam garantidos por outros investidores até 2026 e limitou sua participação a 20% do total do fundo.
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Portugal e Colômbia entre os menores aportes
Apesar da liderança norueguesa, Brasil e Indonésia se comprometeram a destinar US$ 1 bilhão cada ao fundo. Já a Colômbia, que também será beneficiada pelo TFFF, prometeu US$ 250 milhões.
Entre os países europeus, Holanda e Portugal anunciaram valores modestos: US$ 5 milhões e US$ 1,25 milhão, respectivamente. Um dos idealizadores do TFFF, o Reino Unido, afirmou que não utilizará recursos públicos na iniciativa.
Do outro lado do Canal da Mancha, a França sinalizou intenção de investir US$ 577 milhões até 2030, enquanto a Alemanha endossou o projeto e deve definir seu aporte financeiro após o encontro entre Lula e o chanceler Friedrich Merz, previsto para amanhã (07/11).
Já os Países Baixos informaram que estudam apoiar a iniciativa, mas ainda não formalizaram compromisso. Ao todo, 34 países com florestas tropicais endossaram a Declaração do TFFF, representando quase 90% das florestas tropicais de países em desenvolvimento, incluindo Indonésia, República Democrática do Congo e China.
Na prática, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre será direcionado a projetos de preservação ambiental, redução do desmatamento e proteção de biomas como a Amazônia e a Mata Atlântica. A proposta inicial prevê o investimento de US$ 4 por hectare preservado.
