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Uso abusivo de Clonazepam, calmante mais vendido do Brasil, pode causar dependência

Medicamento lidera o consumo de ansiolíticos no país, com 39 milhões de unidades vendidas em 2024. As estimativas apontam que ao menos 2 milhões de pessoas acima de 60 anos fazem uso no país.

O Clonazepam faz parte da rotina de milhões de brasileiros, principalmente de idosos. Em 2024, foram 39 milhões de caixas comercializadas, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O medicamento, indicado para crises agudas de ansiedade, pânico ou insônia, passou a ser usado de forma contínua e sem acompanhamento adequado, o que tem resultado em uma crescente dependência.

Conhecido comercialmente como Rivotril, pertence à classe dos benzodiazepínicos, medicamentos que atuam reforçando o neurotransmissor GABA, responsável por desacelerar a atividade cerebral e induzir calma e sono. O efeito rápido e prolongado, que pode durar até 24 horas, explica sua popularidade, mas também seu risco. O uso diário, sem interrupção, faz o organismo se adaptar à substância, reduzindo sua eficácia e exigindo doses maiores para o mesmo efeito.

Estima-se que mais de 2 milhões de idosos brasileiros usem benzodiazepínicos regularmente, e 41,3% deles especificamente o Clonazepam, de acordo com o levantamento nacional da Pesquisa sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos (PNAUM), publicado em 2022. O problema é agravado pela banalização da prescrição do medicamento controlado, muitas vezes feita sem avaliação especializada. De baixo custo e disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o remédio se popularizou tanto que o nome Rivotril se tornou sinônimo de tranquilizante.

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Pessoa segurando várias cápsulas de Clonazepam
(Foto: Freepik)

Dados mais recentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmam a liderança. Segundo relatório da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), o Brasil registrou 39 milhões de unidades de Clonazepam vendidas em 2024.

O número supera com folga o de outros ansiolíticos da mesma classe, como o alprazolam (20,5 milhões de unidades), o bromazepam (15,3 milhões) e o diazepam (7,7 milhões). Esse volume expressivo pode indicar um uso excessivo e crescente dependência em relação ao medicamento.

Especialistas alertam que o uso prolongado pode causar dependência, além de confusão mental, risco de quedas, perda de memória e prejuízo cognitivo, sobretudo entre os mais velhos. O psiquiatra Paulo Rogério Aguiar, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, explica que o desmame é difícil porque muitos pacientes têm medo de interromper o medicamento.

Além da dependência biológica, há também um componente emocional. Para muitos, o remédio passou a ser um refúgio. É o que explica a psiquiatra Camilla Pinna, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “O corpo se acostuma, mas o medo de ficar sem o medicamento reforça o vício. Muitos tomam o remédio não só para dormir, mas para lidar com a solidão, o luto, a dor crônica. É um uso que vai muito além do biológico.”

O medicamento é eficaz quando usado por curto prazo, em situações específicas, e com acompanhamento médico, mas perigoso quando se torna um hábito. “O Clonazepam é um bom ansiolítico, uma ferramenta importante, mas o problema está no uso sem acompanhamento. Ele induz o sono, mas não o sono de qualidade: impede o acesso às fases profundas, como o sono REM, e o corpo não se recupera de verdade”, alerta Almir Tavares, coordenador do Departamento de Medicina do Sono da Associação Brasileira de Psiquiatria.

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