O Rio de Janeiro viveu nesta última terça-feira (28/10) um episódio que simboliza, de forma crua, a perda de soberania do Estado brasileiro sobre partes do próprio território. A operação policial terminou em confronto intenso e deixou claro: há áreas do país onde o poder público simplesmente não manda mais.
Quando o Estado recua e o crime governa
O governo federal fala em soberania, o STF defende o Estado de direito, mas, na prática, há regiões dominadas por facções e milícias que operam com mais estrutura e fidelização do que muitas empresas legais. A tentativa de retomar o controle acaba frequentemente em tragédia — e cada nova operação reacende o impasse entre forças políticas e sociais.
De um lado, há quem veja massacres e falhas estratégicas nas ações de segurança pública. De outro, há quem defenda a resposta armada e a força bruta como única linguagem possível contra o crime organizado. No meio disso, o Estado, paralisado, assiste à escalada da violência como um espectador impotente.
O país dividido entre narrativas
O embate ideológico não se limita a redes sociais: ele divide ministérios, governos estaduais e especialistas. Uns culpam a falta de educação e desigualdade social; outros, a ausência de autoridade e de repressão. O resultado é o mesmo — a insegurança cresce e as comunidades seguem reféns de grupos que impõem suas próprias regras.
O crime como empresa e o colapso da gestão pública
Com hierarquia, “planos de carreira” e punições severas para traições, o crime organizado opera como uma corporação sombria. A fidelidade é comprada com medo, e o lucro, garantido pela corrupção que circula nos altos escalões do poder e do mercado. Nesse cenário, a gestão da segurança pública se torna um campo de disputa política e não de soluções reais.
No fim, o que se vê é um retrato trágico da desigualdade brasileira — um país onde a miséria e a corrupção caminham lado a lado, e onde a esperança parece tão rara quanto o Estado em certas favelas.
