Gangues criminosas em toda a Europa estão roubando cada vez mais joias valiosas e ouro de museus carentes de financiamento, como o Louvre, e, embora a polícia muitas vezes prenda os ladrões, tem dificuldade para recuperar os bens de valor inestimável, afirmam especialistas em arte e em segurança.
Apenas um pequeno grupo de criminosos seria capaz de realizar um trabalho como o audacioso roubo de domingo em Paris e já pode ser conhecido da polícia, dizem os especialistas. Mas os objetos em si poderiam ser rapidamente divididos em partes e vendidos.
“Se eu roubar um Van Gogh, ele é um Van Gogh. Não posso me desfazer dele por outro canal que não seja o mercado de arte ilícito”, disse Marc Balcells, um especialista em crimes contra o patrimônio cultural de Barcelona. “Mas quando estou roubando (…) joias, posso movimentá-las em um mercado ilícito como pedras preciosas.”
O roubo descarado das joias da coroa do Louvre, o museu mais visitado do mundo, foi considerado por alguns como uma humilhação nacional e provocou verificações de segurança em vários locais culturais da França.
“Se o alvo é o Louvre, o museu mais importante do mundo, e as joias da coroa francesa são levadas, é porque havia algo errado com a segurança”, disse o investigador de arte Arthur Brand.
Funcionários do Louvre, que abriga obras de arte como a Mona Lisa, de fato já haviam dado o alarme sobre a falta de investimento.
E pelo menos quatro museus franceses foram roubados nos últimos dois meses, de acordo com relatos da mídia.
Nesta terça-feira, os promotores disseram que acusaram uma mulher de origem chinesa pelo roubo de seis pepitas de ouro no valor de cerca de 1,5 milhão de euros do Museu de História Natural de Paris no mês passado. Ela foi presa em Barcelona tentando se desfazer de ouro derretido, segundo eles.
Christopher Marinello, fundador da Art Recovery International, que rastreia arte roubada, afirmou que os roubos a museus estão aumentando em toda a Europa e em outros lugares.
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Ele citou casos na Holanda, França e Egito.
“Se você tem joias ou ouro em suas coleções, precisa se preocupar”, disse Marinello.
Os promotores de Paris confiaram a investigação a uma unidade especializada da polícia de Paris conhecida como BRB, que está acostumada a lidar com roubos de alto perfil.
O ex-policial Pascal Szkudlara, que serviu na unidade, disse que o BRB lidou com a investigação de Kim Kardashian em 2016, quando ladrões de Paris roubaram seu anel de noivado de US$4 milhões, bem como uma recente onda de sequestros de chefes de criptomoedas ricos.
Ele contou que o BRB tem cerca de 100 agentes, sendo que mais de uma dúzia é especializada em roubos de museus. Os investigadores examinarão imagens de vídeo, registros telefônicos e provas forenses, enquanto informantes também serão acionados.
“Eles podem ter equipes trabalhando nisso 24 horas por dia, 7 dias por semana e por um longo período”, declarou Szkudlara, expressando “100%” de confiança de que os ladrões serão pegos.
Corinne Chartrelle, que trabalhou anteriormente no Escritório Central da Polícia Francesa para o Combate ao Tráfico de Bens Culturais, disse que as joias poderiam ir parar em um centro mundial de diamantes como Antuérpia, onde “provavelmente há pessoas que não estão muito preocupadas com a origem dos itens”.
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Os diamantes também poderiam ser cortados em pedras menores e o ouro derretido, deixando os compradores sem saber de sua procedência.
*Reuters/Tradução Redação São Paulo